Tudo o que você precisa saber sobre o universo do cinema cult
Por: Anelise Vaz e Isabella Fraga
Um universo de filmes não-comerciais, que com a internet têm atraído cada vez mais o público.
Cena
de Mia Wallace (Uma Thurman) e Vincent Vega (John Travolta) em “Pulp
Fitcion”
Se
você gosta de cinema, provavelmente já ouviu falar em filmes cult.
Porém pouca gente sabe o verdadeiro significado desse termo.
Quando
falamos em cinema cult, englobamos não apenas um gênero de filme
específico, mas toda uma cena de produções independentes, e/ou
filmes não-convencionais ou não-comerciais, e em sua maioria
subversivos. Definitivamente é uma egrégora dedicada a um público
mais reflexivo e exigente.
É
perceptível o crescimento desse tipo de público para o segmento,
talvez pela constante interação no meio digital ser uma marca do
mundo moderno e uma facilitadora de acesso a esses filmes.
Títulos
consagrados se encaixam no segmento, como “Pulp Fiction” (1994),
do diretor Quentin Tarantino, “Laranja Mecânica” (1971), de
Stanley Kubrick, “Eraserhead” (1977), de David Lynch, entre
tantos outros.
Alex
DeLarge, interpretado por Malcolm McDowell, em “Laranja Mecânica”
Engana-se
quem acha que as produções de filmes cult pararam no tempo. Apesar
de grandes filmes e diretores terem sido consagrados há décadas e
hoje serem referenciais, muitas produções boas estão surgindo e se
adequando às técnicas e linguagem dos tempos modernos.
Podemos
destacar uma infinidade de filmes cult lançados há poucos anos e
que já conquistaram o reconhecimento do público, como “Donnie
Darko” (2001), do diretor Richard Kelly, “Oldboy” (2003), do
sul-coreano Park Chan-Wook, “A Pele que Habito” (2011), de Pedro
Almodóvar, e um dos mais recentes e desconcertantes, “Pieles”
(2017), de Eduardo Casanova.
Cena
da comédia dramática “Pieles”
Onde
encontro mais informações?
Existem
sites conhecidos e com certa credibilidade por disponibilizar
informações sobre os títulos. Claro que eles não se restringem
aos filmes cult, porém, quem é fã do segmento, consequentemente
acaba se tornando fã também desses sites, como o “IMDB”
(Internet Movie Database) e o “Adoro Cinema”.
Interface
IMDB
Interface
Adoro Cinema
Esses
sites são tidos como referenciais, pois disponibilizam conteúdo que
vai muito além dos trailers e sinopses convencionais. Quem quer
ficar por dentro dos detalhes de cada produção, tem acesso a
informações das locações, curiosidades sobre os atores, fatos que
ocorreram nos bastidores, e podem até filtrar os títulos por nota e
acessar os comentários um tanto quanto críticos do próprio
público.
Atualmente, jovens assistem filmes através dos serviços de streaming, como a Netflix, que foi criada em 1997 por Reed Hastings e Marc Randolph, começando como um serviço online de aluguel de VHS e posteriormente, DVD’s, onde eles enviavam os filmes pelo correio. Apenas em 2007 iniciou-se o serviço de streaming online, com uma quantidade ilimitada de séries e filmes para os assinantes escolherem no catálogo. O sistema de pesquisa é totalmente detalhada e fácil para se encontrar os filmes, através do gênero, idade indicada, por exemplo. Inclusive os usuários recebem sugestões de acordo com o que mais assistem e podem classificar entre uma e cinco estrelas o que assistiram. Hoje ela está disponível em mais de 190 países, com uma gama de produções originais, que são a maior aposta da empresa. Porém, dentro da lista é possível encontrar alguns filmes cults.
Atualmente, jovens assistem filmes através dos serviços de streaming, como a Netflix, que foi criada em 1997 por Reed Hastings e Marc Randolph, começando como um serviço online de aluguel de VHS e posteriormente, DVD’s, onde eles enviavam os filmes pelo correio. Apenas em 2007 iniciou-se o serviço de streaming online, com uma quantidade ilimitada de séries e filmes para os assinantes escolherem no catálogo. O sistema de pesquisa é totalmente detalhada e fácil para se encontrar os filmes, através do gênero, idade indicada, por exemplo. Inclusive os usuários recebem sugestões de acordo com o que mais assistem e podem classificar entre uma e cinco estrelas o que assistiram. Hoje ela está disponível em mais de 190 países, com uma gama de produções originais, que são a maior aposta da empresa. Porém, dentro da lista é possível encontrar alguns filmes cults.
Conversando
com quem produz
Flávio
Cabral tem apenas 25 anos, é formado em Cinema pela Escola de Cinema
Darcy Ribeiro e atua como videomaker e fotógrafo.
Flávio,
qual o seu top 5 de filmes favoritos?
Escolher
5 filmes preferidos para quem ama cinema nunca é uma tarefa fácil,
a gente sempre acaba ficando muito indeciso e esquecendo um ou outro.
Mas vou tentar. Eles são: Abril Despedaçado de Walter Salles,
Amarelo Maga de Cláudio Assis, Cidadão Kane de Orson Welles,
Psicose de Alfred Hitchcook e O Iluminado de Stanley Kubrick.
O
que você sabe sobre o conceito de cinema cult?
Na
minha opinião, cinema cult, também nomeado por uns como cinema
independente, é um tipo de gênero que não se preocupa em seguir
certos padrões de linguagem e narrativa para que sejam aceitos pela
maioria do público. O cinema cult geralmente vem com uma narrativa
não tradicional e que as vezes não seguem os acontecimentos do
filme de forma linear. É um gênero muito importante para a
descolonização das telas e que trazem uma perspectiva diferente.
Perspectiva essa que geralmente é de difícil compreensão para
grande parte do público, o que eu acho um ponto negativo. Pelo outro
lado, tem uma grande potencialidade de serem inspiradores e serem
usados como ferramenta de transformação de um ser.
Quais
locais ou meios você indicaria a quem deseja assistir esse tipo de
filme?
Netflix,
youtube e making off (para esse é necessário ter uma conta para
acessar os filmes. Só é possível criar uma conta quando o site
abre inscrições).
O
que você acha da popularização desse tipo de filme?
Acho
de extrema importância. O cinema cult precisa deixar de ter a fama
de que são para ''pessoas cults'', quando na verdade não são. O
gênero cult é para quem quiser dar uma oportunidade pra ele.
Pra
você, o crescimento do interesse do senso comum pelo cinema cult e
filmes alternativos/independentes, pode impactar a qualidade das
produções? Por quê?
Sim!
Eu como amante e realizador de cinema independente posso afirmar que
a qualidade nas produções são excelentes. Existem excelentes
profissionais na área, que a cada produção se superam.
O
interesse maior por parte do público por esses gêneros tem sim uma
grande parcela para melhoria das produções, pois dessa forma os
realizadores tentarão cada vez mais superar seus limites, porque
irão ter o incentivo de ter mais olhares para seu trabalho.
O
aumento de público para esses gêneros é de extrema importância,
pois na maioria das vezes esse gênero nos coloca em reflexão. Eles
nos fazem pensar em nossos conceitos, a subjetividade do certo e
errado, aos nossos ideais. Realizando assim uma das principais
funções do cinema, que é ser utilizado como ferramenta
transformadora. Coisa que não vemos nas grandes produções que
estão no circuito popular nacional, como nas salas de cinemas dos
shoppings.
Preciso
ser formado para ser especialista em cinema?
É
interessante que com a velocidade e disponibilidade de conteúdo na
internet surgiu também uma “geração formada pelas redes
sociais”. À princípio, pode até soar pejorativo, porém tudo vai
depender do seu interesse, dedicação e credibilidade das suas
fontes de pesquisa.
Nenhum
conteúdo informal da grade rede de computadores vai te oferecer o
conhecimento teórico e prático que uma escola de cinema oferece,
mas existem materiais de qualidade, que podem te aproximar de um
especialista.
É
o caso de Marcos Paulo Ferreira Godinho, de 41 anos, que é músico e
possui nível superior incompleto em Comunicação Social. Apesar de
não ter a formação e não ter trabalhado na área, Godinho tem uma
visão bem técnica sobre cinema cult.
Fizemos
um paralelo entre as duas entrevistas pra você tirar suas próprias
conclusões.
Godinho,
quais os seus filmes cult favoritos?
O
Homem Duplicado (sou um grande fã do canadense Dennis Villeneuve),
Bastardos Inglórios (muito difícil escolher apenas 1 filme do
Tarantino!), Martyrs (não podia deixar um clássico do extremismo
francês de fora), Eraserhead (David Lynch... Talvez eu seja muito fã
de diretores?), V de vingança (quadrinho & cinema... melhor
combinação!). Menções honrosas: Clube da Luta, Interestelar e
Oldboy.
O
que vc sabe sobre o conceito de cinema cult?
Sei
que envolve um grupo de pessoas esnobes que pensam que entendem mais
do que
todo
mundo de cinema, e se reúnem em sessões noturnas pra poderem
tagarelar entre si o quanto eles conhecem cineastas dos cantos mais
obscuros do planeta... Tô brincando!
O
cinema cult, ao meu ver, envolve filmes onde o diretor se permite
certos 'exageros', sejam estéticos, de violência ou sexo, que não
seriam tolerados em filmes mais populares. Os filmes cult não são,
necessariamente, filmes criados para agradar a um pequeno nicho de
público, mas acabam muitas vezes sendo rejeitados pelo grande
público. Muitos deles só fazem sucesso depois de terem sido
rejeitados nas bilheterias.
Quais
meios você utiliza pra assistir um filme cult?
Filmes
novos eu assisto no cinema, os antigos eu assisto somente pela
internet, não costumo ir a sessões de 'nostalgia'. Já fui em
sessões no antigo espaço Unibanco, mas confesso que não me sinto
muito confortável nesses espaços. Não sou muito fã das conversas
que rolam nesses lugares. Apesar de curtir imensamente filmes cult, a
verdade é que a maioria dos fãs são muito soberbos e se acham as
melhores pessoas do mundo, por serem cinéfilos e terem um gosto
muito mais apurado do que o de nós, meros mortais. Fico só nos
fóruns de internet, mesmo. É um ambiente menos tóxico (por
incrível que pareça).
O
que vc acha da popularização desse tipo de filme?
Acho
ótimo! Não compactuo com esse pensamento de que a popularização
vá estragar os filmes, pelo contrário: quero mais filmes cult nas
telas! Quero mais pessoas curtindo, e quero mais diretores tendo
liberdade pra fazer o seu trabalho, sem ter um produtor o obrigando a
seguir a cartilha do "blockbuster de sucesso pra família".
Menos comédia romântica com Adam Sandler e mais ficção cientifica
com Dennis Villeneuve.
Pra
você, o crescimento do interesse do senso comum pelo cinema cult e
filmes alternativos/independentes, pode impactar a qualidade das
produções? Por quê?
Pode
impactar MUITO positivamente, no sentido em que mais pessoas podem
ter acesso a obras com muito mais liberdade de experimentação por
parte dos diretores e atores. Se os produtores permitirem aos
diretores expressarem sua liberdade artística, todo o cinema e o
público só tem a ganhar.
Conversando com um Cinéfilo
Louis Oliver, de 26 anos, cinéfilo e professor de Educação Física, descobriu sua paixão por filmes cults ainda na adolescência, através de canais como o TCM e quando sua professora de teatro apresentou alguns filmes. Ele acredita que o diferencial dos filmes cult estão na criatividade, de fazer muito com pouco, quando efeitos especiais não eram um recurso sequer conhecido. Confira a entrevista feita em vídeo, onde ele conta um pouco da história do cinema e suas experiências com o cinema cult, falando também sobre o cinema brasileiro.
Louis Oliver, de 26 anos, cinéfilo e professor de Educação Física, descobriu sua paixão por filmes cults ainda na adolescência, através de canais como o TCM e quando sua professora de teatro apresentou alguns filmes. Ele acredita que o diferencial dos filmes cult estão na criatividade, de fazer muito com pouco, quando efeitos especiais não eram um recurso sequer conhecido. Confira a entrevista feita em vídeo, onde ele conta um pouco da história do cinema e suas experiências com o cinema cult, falando também sobre o cinema brasileiro.
E você que é fã do cinema cult: quer testar seus conhecimentos? Faça o teste: Você é uma pessoa "cultzera"?.
Olá meninas, vamos às observações:
ResponderExcluirÉ bom colocar a fonte das fotos que não foram produzidas por vocês. O local de onde vocês tiraram. Cuidado com o formato: o ambiente digital aceita parágrafos mais curtos, mas vocês vão variando...ora muito curto, ora grande. Isso não é bom. Quanto ao formato pingue pongue das entrevistas: não acho interessante, não nesse formato de leitura corrida. Vocês tinham de incluí-los no formato de texto corrido como abriram o texto. A entrevista ficou legal, os hiperlinks também e a interatividade foi ótima. Seria legal ter mais fontes e personagens. Matéria rica, tem é gente.
Nota: 8,5
Bella, você fez o trabalho de fact checking, então a sua nota foi 9,5.
ResponderExcluirAnotado, Renata.
ResponderExcluirObrigada pelos ensinamentos, adorei fazer esse trabalho!!!