Publicidade infantil: O Perigo por trás do consumo


Por Jamille Bastos, Alex Martins e Carlos Leonardo | 29 de Novembro de 2017
 

Checagem demonstra como a publicidade infantil pode ser boa, mas também pode ser prejudicial às nossas crianças
  
     Proibição da publicidade infantil trará resultados econômicos positivos de R$ 76 bilhões

Em tempos de alta globalização e neoliberalismo, até as crianças já se transformaram em vítimas do consumo. E a publicidade atinge a elas de uma forma mais suscetíveis ao que vêem, existem tipos de publicidades que não são adequadas a certas faixas etárias. Com isso eles usam de subterfúgios para prender a atenção delas e acabam alcançando os pais..
Por ser um público extremamente sugestionável, persuadido com facilidade, as crianças são vistas pelas empresas como parte relevante do mercado. Tendo como base o artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor(https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10603148/artigo-37-da-lei-n-8078-de-11-de-setembro-de-1990), a publicidade direcionada ao público infantil é abusiva, pois se aproveita da deficiência de julgamento da criança. O Conselho Federal de Psicologia afirma que “além da menor experiência de vida e de menor acúmulo de conhecimentos, a criança ainda não possui a sofisticação intelectual para abstrair as leis (físicas e sociais) que regem esse mundo, para avaliar criticamente os discursos que outros fazem a seu respeito”.

Apelos da publicidade infantil
  


      Mariana de Araújo Ferraz, coordenadora de educação sobre o consumo do 
Procon Carioca e parceira na produção de cartilha sobre alimentação


Segundo a advogada Mariana Ferraz, a criança é muito sensível às práticas de marketing. A problemática fica ainda maior quando a publicidade estimula padrões de consumo alimentares não saudáveis.

No caso do setor alimentício, muitas empresas lançam mão de práticas desleais, como a associação da alimentação a brinquedos ou utilização de linguagem lúdica própria ao universo infantil em suas peças publicitárias. “A OMS (Organização Mundial da Saúde) já se pronunciou pela necessidade da regulação da publicidade de alimentos e, em 2012, a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) publicou para a regulação da publicidade de alimentos nãosaudáveis direcionada às crianças. Resta que os governos adotem essas recomendações e implementem políticas para regrar a publicidade direcionada às crianças”, afirma a advogada. 

Desde 2005, a OMS reconhece a comercialização de alimentos não saudáveis para a população infantil como um fator que contribui para o aumento dos níveis de obesidade e sobrepeso. Embora alguns acordos diretos com empresas do setor alimentício tenham sido fechados, o órgão tem ressaltado que cabe aos governos a responsabilidade de garantir a tomada de medidas efetivas, bem como o monitoramento dos acordos de restrição da publicidade de alimentos não saudáveis voltados às crianças.
 
De acordo com o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) ECA aprovou, em março 2014, a resolução 163, que considera abusivo o direcionamento de comunicação mercadológica à criança. E, apesar do Código de Defesa do Consumidor (CDC) declarar que todo tipo de propaganda abusiva é crime, a resolução do Conanda não é fiscalizada. É neste cenário que pais e entidades se unem na luta por uma infância livre de publicidade.
Mesmo antes da decisão do Conanda, o programa Criança e Consumo, criado em 2006 pelo Instituto Alana, já visava proteger os menores de 12 anos de idade contra a publicidade. A princípio, lutando por esses direitos com base no Artigo 227, da Constituição Federal (1988), que assegura os direitos da criança e sua prioridade absoluta; no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, que garante o respeito com os menores; e no Código de Defesa do Consumidor (CDC), que considera abusiva a publicidade que se aproveita da deficiência e do julgamento da experiência da criança.
Apesar de ser regularizada por órgãos específicos, a publicidade infantil vem causando muita polêmica do ponto de vista de pais e especialistas, pois os mesmos afirmam que muitas dessas publicidades prejudicam em muitos fatores a vida de uma criança e acaba interferindo dentro de casa pelo grande poder de persuasão que causam nelas, por isso todo cuidado é pouco quando se trata de publicidade infantil.
Vejam alguns cuidados a serem adotados com esse tipo de publicidade:
http://www.cafecomgalo.com.br/tudo-o-que-voce-precisava-saber-sobre-publicidade-infantil/


Duarte Júnior. Presidente do Procon/MA 1

Segundo o presidente do Procon do Estado do Maranhão, Duarte Júnior,"A publicidade infantil se aproveita da vulnerabilidade das crianças, desrespeitando o fato de que são indivíduos em desenvolvimento. Estamos atentos e não permitiremos que isso aconteça".
E de acordo com o artigo 37 do Código de Direitos do Consumidor (CDC), "é abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança".
Por este motivo, alguns países mais radicais não só regularam como proibiram a publicidade infantil.
Vejam nesse link, como a publicidade está sendo tratada no Brasil e fora dele:
 
As pessoas hoje em dia precisam tomar muito cuidado com o que as crianças andam assistindo, pois existem inúmeras formas de persuadirem e até mesmo desestabilizá-las. Muitos comerciais fazem uso de coisas inapropriadas para crianças e assim conseguem deturpar o pensamento delas, aí é que entra a intervenção dos pais com o ensinamento do que é certo e do que é errado, veja no link abaixo um vídeo sobre os cuidados com a publicidade infantil:
 
Segundo o professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o pediatra José Augusto Taddei, propagandas devem ser voltadas para os pais. "Eles terão melhor condição de decidir o que é melhor para os seus filhos.”
Pois o Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (CONAR) só fiscaliza as propagandas depois de veiculadas, "Não existe controle prévio dessas propagandas. Daí, não adianta voltar atrás pois o estrago já foi feito na cabeça das crianças.” Veja na íntegra a entrevista do médico no link abaixo: 
 

 
  Mario Cortella - professor, filósofo e autor de vários livros

Mario Sergio Cortella é filósofo e escritor, com Mestrado e Doutorado em Educação, autor de várias obras como “A Escola e o Conhecimento” (Cortez), “Filosofia e Ensino Médio: certas razões, alguns senões, uma proposta” (Vozes), “Política: Para Não Ser Idiota”, com Renato Janine Ribeiro (Papirus), “Educação e Esperança: sete reflexões breves para recusar o biocídio” (PoliSaber), “Educação, Convivência e Ética” (Cortez).
De acordo com Cortella, a publicidade infantil é mais um estímulo e caberá aos pais preparar seus filhos para que tenham clareza do que ela significa. Para isso, os adultos precisam usar a sua capacidade crítica para discernir o que pode ser aceito e o que faz mal à criança. Retirá-la do contato com a publicidade não favorecerá o preparo necessário para a criança lidar com esse e outros estímulos inerentes ao dia a dia. Não ajudará a evitar a “consumolatria”, o desejo insaciável de comprar. Confira na íntegra a entrevista no link abaixo:

Pais e mães sabem que é impossível retirar totalmente a pressão para o consumo que existe sobre as crianças. Elas vão estar sempre expostas à publicidade que é direcionada aos adultos. Estarão vendo anúncios na TV, nas revistas, nos ônibus ou mesmo nos pontos de venda, além das conversas com os amigos da escola sobre roupas, brinquedos e alimentos diversos. O que as famílias questionam é a publicidade infantil, que é construída especialmente para convencer a criança e persuadi-la para o consumo de algum produto ou serviço. Por usar elementos do universo infantil, como personagens de desenhos animados, e argumentos feitos especialmente para a criança, esse tipo de publicidade tem um poder muito grande sobre meninos e meninas, razão pela qual movimento, organizações e famílias pedem o fim da publicidade infantil.
A publicidade direcionada à criança está cada vez mais abusiva e isso é um problema. Ainda mais diante da epidemia de obesidade que o mundo está enfrentando,mostra-se cada vez mais urgente a necessidade de regulamentação do marketing infantil. As crianças são mais vulneráveis à publicidade e a indústria sabe e se aproveitar muito bem disso. Investimentos tecnológicos, científicos e financeiros são injetados na construção de campanhas publicitárias e um limite precisa existir. Os pais não têm como combater em pé de igualdade essa indústria bilionária que sustenta o marketing. O governo também é responsável e a regulamentação é uma forma de proteção aos direitos da infância.
O fato é que uma simples questão entra em pauta diante de vários relatos de pais, mães, especialistas, representante de órgãos reguladores, etc. Afinal, a publicidade infantil deve ser proibida ou não?

Nós fomos atrás dessa resposta e trazemos agora a tona uma questão bem polêmica e que engloba diversos tipos de opiniões, desde os pais até os especialistas no assunto. Veja essa matéria publicada pela revista época que envolve opiniões de Orlando Marques (Presidente da associação brasileira de agências publicitárias) e Isabella Henriques (Diretora da ONG Alana) sobre a questão de proibir ou não a publicidade infantil.   

http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2016/04/publicidade-infantil-deve-ser-proibida-nao.html



“Se botar uma música no comercial é a primeira coisa que a criança vai olhar é a música depois ele vai olhar o produto em si ou brinquedo”, descreve a mãe de criança estudante de publicidade, Jessica.


“Ninguém nasce consumista isso vai sendo transformado aos poucos com esse bombardeio do público infantil na propaganda”, descreve o coordenador de publicidade, Julio Lieira.



“A criança é uma vítima desse controle social do consumo”, descreve a psicóloga Vania Bastos  

- Enquete “ Você conhece alguma Propaganda que possui mensagens voltadas para crianças?”

Assistam na íntegra todas as entrevistas dos especialistas realizadas neste mês de novembro

 




Segue abaixo os links para download: 


 

 

Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Olá, meninos...vamos lá...Para quem nunca fez uma reportagem, começar com uma grande logo de cara é um desafio e tanto. Vocês chegaram bem perto do que seria um trabalho profissional. O problema foi apenas exagerar na pesquisa. A reportagem precisaria ser mais autoral, isso significa trabalhar com mais material produzido e não transcrito de outro lugar. Se vocês acham que tinham de ouvir um filósofo, precisariam buscar na universidade essa fonte e não usar o Cortela. Mas eu sei que vocês ouviram pessoas, entrevistaram, vi os vídeos e para quem nunca nem ouviu falar em texto, ela teve uma apuração relevante. As fontes de vocês deveriam estar no texto, integradas às informações que vocês coletaram. Mas ok, valeu para começar.
    A nota foi 9,0. Jamille, você fez o trabalho extra e ficou com 10,0

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