HIV: O Preço Da Vida.



Por: Julie Cardoso e Marcelle Fernandes

Áudio da Entrevista com Claudia Regina

“Foi por ato sexual com o meu ex-namorado”, essa é a fala de uma mulher que foi infectada pela AIDS.
Claudia Regina Nicomedes Sinfronia, professora e com 46 anos, viu sua vida mudar após meses de exames e um diagnóstico improvável. Estava com AIDS. Transmitida pelo ex-namorado com quem tinha um relacionamento há cinco anos.
Após passar perceber que tinha verrugas na barriga e na entrada do órgão feminino, procurou um médico de rotina para diagnosticar o problema. Atendida por uma médica foi diagnosticada inicialmente com HPV, uma doença sexualmente transmissível. Claudia, uma pessoa que era tranquila ficou em choque ao receber a notícia. Despertou quando um irmão a perguntou quando ela ia procurar um tratamento, começando a busca pela sua saúde.
Fez todos os exames que foram solicitados, sem perceber, entrou em depressão. Criou edemas na boca, machucados que a impedia de se alimentar. Foi enfraquecendo.
Após um exame de hemograma veio a notícia de plaquetas baixas. Passou pelo hematologista, dermatologista, infectologista e a informação que jamais esperaria, estava infectada com vírus HIV.
O HIV é a sigla em inglês de Human Immunodeficiency Virus (Vírus da Imunodeficiência Humana). Ela é a causadora da Aids, que ataca o sistema imunológico responsável por defender o organismo de doenças.
Segundo um relatório feito pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) em 2016, mostra que existem mais de 36,7 milhões de pessoas no mundo vivendo com o HIV. Sendo 34,5 milhões de adultos, 17,8 milhões de mulheres e 2,1 milhões de crianças abaixo de 15 anos. O relatório mostra que em relação ao ano de 2005, as mortes relacionadas a Aids caíram pela metade. A estatística ainda mostra um progresso em 53% sobre o acesso ao tratamento do HIV no mundo.
Apesar de haver tratamento, Claudia imaginou que fosse morrer. Após o primeiro exame, teve que fazer outro para confirmar o que já sabia. Precisou aceitar sua condição e seguir em frente. Ficou magra, entrou em depressão, vivia furada e não conseguia fazer o preventivo. Ficou com os cabelos ralos, com a pele ressecada. Não conseguia comer por conta da boca machucada.
Cláudia Regina Nicomedes Sinfronia. Foto: (Arquivo Pessoal)

Para sua mãe, Maria José Nicomedes Sinfronio, 70, aposentada, a notícia que recebeu foi muito ruim e a só esperava o pior. “Aquilo foi terrível. Foi uma dor muito grande, porque a sensação que nós tínhamos é que ela fosse falecer a um ou dois meses”, comentou.
“Eu emagreci muito, cheguei a 75 kg. Todo mundo olhava pra mim na rua e diziam que eu estava doente porque eu sempre fui cheinha. Quanto mais as pessoas falavam que eu estava magra, mais eu entrava em parafuso. Vivia no Supermercado me pesando, mas o peso estava sempre diminuindo”, disse Claudia.
Dona Maria José, afirmou sobre a burocracia que viveram para que Claudia pudesse ter o tratamento adequado. “Depois de frequentar diversos postos de saúde, foi em Madureira que viemos a descobrir que ela só poderia ser tratada no posto de saúde local”, afirma Maria José.

“Nós tivemos todos que entrar em tratamento”- Maria José
Para conviver com a doença da filha, a aposentada diz que a família precisou passar por um tratamento psicológico. “Fomos todos para o psicólogo. A psicóloga nos ajudou muito. Ela que explicou tudo como nós tínhamos que lidar, como era a doença e que nós não precisávamos separar nada. Tanto que aqui tudo é normal. Eu como no prato dela, eu bebo a água que ela está bebendo”, afirma a aposentada.

Simone Alvarenga, 41 anos e musicista, teve que conviver com a AIDS de perto, quando teve um tio portador. Considerada como filha, Simone se desesperou quando soube da doença, porém com as dificuldades que enfrentaria junto ao seu parente, não se abateu. “Tentei auxiliar ele no que fosse possível ajudar e confortar e falar que ia dar tudo certo”, afirmou Simone.
Apesar de ter recebido uma péssima notícia, a musicista contou que a informação lhe deu esperanças, devido ao número de amigos que tinham a doença e viviam bem. “Tenho grupos de amigos que são portadores do vírus e convivem a 10, 11, 15 anos com a doença e vivem bem. Mas o meu tio, além de não se aceitar, o HIV veio junto com uma doença de coração que era gravíssima então complicou tudo”, explicou.

Elizabeth de Souza, 56 e Técnica em Agente Comunitária de Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), também teve convívio de perto com algumas pessoas com soro positivo. Trabalhando há treze anos na área da saúde, “tive três usuários infectados, em uso do coquetel. O relacionamento com eles eram o melhor possível. Eu os vejo como pessoas doentes que merecem ser acompanhados como qualquer outro tipo de doentes”, conta.
Existem muitos estudos no mundo para o combate do vírus do HIV. A própria Fundação Oswaldo Cruz, está coordenando um Projeto internacional para a prevenção do HIV.
Com o nome Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (ImPreP), o projeto será implantado no Brasil e em países como o México e o Peru, sendo coordenado pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI).
O objetivo do projeto é diminuir o risco de transmissão da doença. Inicialmente o ImPreP atenderá 7.500 pessoas não infectadas nos países citados.
“A Fundação Osvaldo Cruz é uma das instituições mais importantes em diversos campos de pesquisas de diversas doenças, com pesquisadores de relevante importância no cenário da pesquisa nacional e internacional”, comenta Elizabeth.

Milhões De Pessoas Com Hiv Estão Em Tratamento No Mundo
As vésperas do Dia Mundial contra a Aids, 1° de dezembro, a UNAIDS divulgou um relatório global onde há registros sobre os progressos notáveis a respeito do tratamento para o HIV.
No novo relatório é destacado sobre as pessoas marginalizadas da sociedade e as mais infectadas pelo Vírus HIV, são as que ainda enfrentam grande dificuldade para conseguir serviço nas redes públicas de saúde e a serviços sociais de que necessitam.
No relatório, Direito à Saúde ,além de abordar sobre as leis internacionais e regionais, tratados, declarações das Nações Unidas e leis e constituições nacionais em todo o mundo, o arquivo fala sobre a obrigatoriedade dos Estados em dar direitos humanos básicos de respeitar, proteger e garantir o direito à saúde.


O HIV é uma doença que já tirou a vida de diversos artistas como: o cantor Cazuza (1990), Freddie Mercury, vocalista do Queen (1991) e Renato Russo (1996). Existem também pessoas que permanecem vivos e são portadores do vírus. Charlie Sheen, famoso ator dos anos 80 e 90, é um dos artistas que possuem o HIV e em novembro de 2015, divulgou a mídia sobre sua soropositividade.



Reconhecida em 1981 nos EUA, a Sindrome da Imunideficiência Adquirida (AIDS) começou pela identificação de um número elevado de pacientes adultos do sexo masculino, homossexuais e moradores de São Francisco ou Nova Iorque. Em 1983 o agente etimológico foi identificado: tratava-se de um retrovírus humano, atualmente denominado vírus da Imunodeficiência humana. Em 1986 foi identificado um segundo agente etimológico, também retrovírus, estreitamente relacionado ao HIV-1, denominado HIV-2. 

A doença apesar de muitas pesquisas, ainda não tem cura e ainda é um tabu para muitas pessoas que não tem o devido conhecimento sobre o problema. É notável que exista muito preconceito por falta de informação, mesmo tendo muitas campanhas para a prevenção da HIV.
“A informação é a melhor arma contra o preconceito, saber como são transmitidas as doenças, seja ela qual for, é a melhor maneira de ver o paciente como alguém que merece respeito, cuidado e carinho”, diz Elizabeth.


Diagnóstico e tratamento crescem no Brasil
Ainda é crescente o número de infectados do vírus do HIV/AIDSno Brasil. Um relatório de monitoramento clínico do HIV, divulgado em novembro de 2017, pelo Ministério da Saúde, mostra indicadores sobre o diagnóstico, o tratamento e a profilaxia pós-exposição (PEP) do HIV.
O monitoramento clínico é um importante instrumento para guiar a tomada de decisão e o planejamento de ações de saúde voltadas ao controle do HIV/AIDS. O documento apresentado mostra os resultados do monitoramento do ano de 2016 e primeiro semestre de 2017, até 30 de junho.
Nos últimos quatro anos, a proporção de pessoas que vivem com HIV no país aumentou 18%, passou de 71% em 2012, para 81% em 2016. O levantamento apontou que quase 35 mil pessoas iniciaram o tratamento contra a doença só nos primeiros seis meses de 2017.
O relatório mostra que o maior desafio que o país enfrenta é a inserção de jovens no tratamento. Apenas 56% das pessoas que vivem com o vírus e têm entre 18 e 24 anos, tomam o antirretroviral.






Comentários

  1. Oi meninas...vamos lá: a frase inicial: "“Foi por ato sexual com o meu ex-namorado”, essa é a fala de uma mulher que foi infectada pela AIDS". A fala de uma mulher - no indefinido- podia ter sido ligada à sua personagem logo no início. O hiperlink que fala da pesquisa da FIOCRUZ deveria estar no site da FIOCRUZ. Procurar a pesquisa no site deles e não em uma reportagem. Tem uma técnica, mas não tem um médico especializado, não tem um psicólogo para falar sobre a questão do emocional, da afetividade que fica abalada. Vocês têm bons personagens, tem dados interessantes, mas faltou a fonte especializada. Ela foi rápida também, vocês poderiam ter gastado um tempinho a mais de discussão. Nota: 8,5

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