“Ele ficou toda hora com a arma na minha cabeça falando que iria me matar”

 Edson Ignácio, 21 de novembro de 2017

A violência está cada vez mais frequente na vida dos cariocas.




Edson Ignácio foi vítima de sequestro
“Duas pessoas me abordaram e me fecharam apontando uma arma para o para-brisa do carro”. Era por volta das 23h do dia 30 de novembro, Edson e sua esposa voltavam de um aniversário, quando foram rendidos, sua esposa imediatamente saltou para fora do carro e conseguiu escapar, porém, ele não conseguiu. Um dos rapazes sentou no banco de trás e durante o caminho o ameaçava “ele dizia que se eu parasse em uma blitz, ele iria me matar”. Foram trinta minutos de desespero, até que Edson conseguiu passar por duas blitz sem que fossem parados e por fim encostou pedindo para que o rapaz o libertasse “foi um dos dias mais difíceis da minha vida. Se não fosse Deus eu não estaria aqui dando esse depoimento”, relatou Edson.


Há tempos a Cidade do Rio de Janeiro já não continua linda como ouvimos na voz de Gilberto em um dos clássicos do MPB. A cidade maravilhosa vem se tornando inegavelmente um grande circo de violência que se aloca de todos os lados, seja ele, da polícia ou dos bandidos. Um prova disso são as repercussões sobre violência que o Estado tem ganhado na imprensa estrangeira. Lugares seguros? Para alguns pode até existir. No dia 7 de abril de 2011, a jovem Thayane Tavares, 18, foi umas das vitimas do massacre de Realengo em uma escola no Bairro de Realengo na zona oeste do Rio. A jovem era como qualquer outra criança, ajudava a mãe que era costureira, vendia roupas, arrumava a casa e cuidava de suas irmãs. Após conhecer o atletismo queria investir na sua carreira como atleta, mas seus planos não foram como o esperado.

Para a menina era um dia normal como qualquer outro. Ela não queria ir à escola, mas sua mãe não a deixou faltar “Foi muito estranho porque parecia uma aula de despedida”, contou. Logo após aula de educação física, os alunos subiram para o segundo andar para assistir a aula de português, quando entraram na sala, Thayane e os demais colegas escutaram barulhos de tiros e pensaram que eram bombinhas sendo jogadas no telhado da quadra “todos fomos para porta que tem uma janela e vimos que tinha um cara na sala da frente com uma arma na mão, disparando tiros contra os alunos, e ali começou o desespero”, enquanto todos corriam, ficou estagnada pelo medo e a todo o momento pensava em sua irmã que também se encontrava no colégio. A professora pediu para que os alunos ficassem na sala enquanto procurava saber o estava acontecendo “foram minutos suficientes para nos escondermos debaixo das cadeiras e logo Wellington entrar na sala com duas armas nas mãos. Ele começou a disparar contra os alunos e eu fui alvejada por 4 tiros”.  O primeiro tiro atingiu seu braço, ela teve a ideia de se fingir de morta, mas Wellington percebeu que Thayane ainda estava viva “Ele chutou meu pé e eu olhei, levantei a cabeça e ele colocou a arma na minha testa e disse; você não morreu? Vai morrer porque é muito bonitinha. E disparou mais três vezes”. Os tiros desceram e pegaram dois em sua barriga e um na cintura, exatamente no local onde a deixou sem o movimento das pernas, causando uma lesão medular. 
 Foi aprovado pela Assembleia Legislativo do Rio de Janeiro, em novembro de 2017, o dia 7 de Abril como o “Dia do Desarmamento”. 

Momentos de Thayane desde o acontecido até os dias de hoje



"Uma troca de tiros e muitos poderiam ser feridos ou mortos no local."

George Moreira foi vítima de assalto dentro
da empresa
George Moreira também foi vítima de um episódio violento em seu local de trabalho. Funcionário dos correios há 20 anos, no ano de 2017 a agencia de Rocha Miranda foi alvo de um episódio violento. Ele estava em seu horário de almoço e se preparava para sair quando foi abordado por um rapaz “ele me ameaçou de forma agressiva e violenta, falou que não estava brincando, me mostrou arma e apontou em direção a minha cabeça”. George foi levado a tesouraria e o assaltante rendeu mais alguns de seus colegas, foi quando o assaltante teve a informação de que o carro forte estava por perto e se apressou para o que tinha no caixa porque não dava mais tempo para ele recolher o que estava no cofre “todo mundo ficou com medo porque poderia ter acontecido o encontro do pessoal do carro forte com o meliante dentro da agencia, isso geraria uma troca de tiros e muitos poderiam ser feridos ou mortos no local”. Após o acontecido, George teve que ser licenciado porque não conseguia voltar, este fato acabou atingindo a saúde psíquica do funcionário. 

Há afirmações de que esse aumento da violência se dá a crise financeira que o Estado do Rio passa. Mas qual a relação da crise com o aumento da violência? O professor de história, filosofia e sociologia no Colégio e Curso Lídice Silva, Rivelino de Sousa, nos contou que se o governo e a classe política falham na competência de serem os primeiros transmissores da ética e da luta por uma sociedade mais justa, e de fornecer a elas os meios básicos de sobrevivência, o reflexo é esse cenário de violência que estamos vivendo. O segundo ponto que responde a essa interpelação é a questão da impunidade. E sobre isso não há o que transcorrer muito, porque a mídia e outros meios de comunicação nos mostram o tempo todo a lentidão e a ineficácia da Justiça em dar a resposta adequada a propagadores da criminalidade. A cada momento diversas vítimas morrem por arma de fogo. Confira “Mapa dos tiroteios no Rio” disponível no G1. 


Uma questão histórica

Professor Rivelino
O professor Rivelino de Sousa afirmou que a violência é cultual “o Brasil é desde os primórdios da colonização um país violento”, disse ele. Desde os colonizadores portugueses quando chegaram ao Brasil tratando os nativos com crueldade. Além disso, tivemos os negros escravizados, Revolta da Vacina, entre outros relatos que permeiam a história brasileira.
Para a historiadora Thaís Maia, a melhor maneira de combater a violência a curto prazo é com uma reforma política, com polícias de qualidade e patrulhamento ostensivo, para que os criminosos tenham medo de praticar a violência. Já a longo prazo, é a educação “Uma educação de qualidade proporciona outros rumos”, disse.




O medo

Mortes, insegurança, traumas psicológicos, danos morais e financeiros, deixam a população, a cada dia, mais desacredita, Rivelino disse que as pessoas tendem a responder as agressões com mais violência, deteriorando de forma rápida o cenário do nosso Estado.

Carla Mosso sofreu um assalto e depois do acontecido teve sua vida completamente paralisada por problemas psíquicos “eu não conseguia trabalhar, sempre evitava sair sozinha, tinha medo de assistir notícias policiais quando eu ficava sozinha dentro de uma condução, me sentia apreensiva tensa e acabava relembrando do assalto”. Ela não sorria mais, constantemente acordava de madrugada com pesadelos e depois de uma crise que teve no trem, na qual ficou paralisada e só com a ajuda de sua irmã que conseguiu se locomover, foi neste episódio que Cátia decidiu procurar auxílio médico e descobriu a síndrome do pânico.

Psicóloga Lívia atendendo seus pacientes
Segundo a psicóloga Lívia Marques, o medo provoca mudança de hábitos e atitudes – horários, percursos, locais frequentado. E que quando percebermos sofrimento e perdas na vida social, profissional e interpessoal, precisamos ficar atentos porque nesse estágio já ultrapassamos o limite do cuidado e este comportamento pode indicar alguns transtornos de ansiedade, fobias e TOC é quando se faz necessária ajuda médica “o apoio de pessoas próximas e que confiam é muito importante”.



Comentários

  1. Olá meninos,
    A matéria foi bem apurada, tem bons personagens, mas precisaria de uma boa revisão em termos de pontuação. No caso, por exemplo: [ "O professor Rivelino de Sousa afirmou que a violência é cultual “o Brasil é desde os primórdios da colonização um país violento”, disse ele] não há uma pontuação que introduza o discurso direto. Além disso, em outras passagens há problemas de pontuação. Explorar a sua fonte especializada também seria importante. Ela tem uma fala, mas no fim do texto e sem ser discutida. As fotos que não foram produzidas por vocês deveriam ter as fontes mencionadas. É uma boa matéria. Os hiperlinks levam o internauta a outros meios de comunicação. Lembrem-se da concorrência! Vocês estão mandando os leitores de vocês para outros lugares. A nota de vocês foi 8,5. Augusto, você fez o trabalho que valia 1,0 e ficou com 9,5.

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  2. Ah...vocês não assinaram a reportagem!!!! Hosana, você ficou com 9,0

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